“O que a minha vida precisa ter para que ela valha apena?”, foi com essa ‘provocação’ que o psicólogo e psicanalista Bruno Tarpani, iniciou o tema da palestra ‘Suicídio: é preciso falar’. O profissional conversou sobre a forma de prevenção e enfrentamento do problema com jovens na Câmara Municipal de Itapevi.

O evento foi promovido pela Secretaria de Saúde, via Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Infanto Juvenil Ciranda, em parceria com a Casa Legislativa. O encontro é parte das ações do Setembro Amarelo, mês em que está sendo promovida uma série de ações de conscientização sobre prevenção ao suicídio. “É muito importante falarmos principalmente com os jovens e adolescentes sobre o assunto”, afirmou a psicóloga do CAPS Ciranda, Thaís Machado. A iniciativa foi voltada ao público atendido pelo CAPS IJ e a população em geral.

“Alguns fatores de riscos, como lutos, divórcios, solidão, doenças e as fantasias de cada pessoa podem desencadear o suicídio e precisamos estar alertas. Nosso objetivo é estarmos sempre abertos ao diálogo e nos colocarmos de maneira sensível para ouvir, ajudar e sermos solidários com o problema ou a dor do outro”, explicou Bruno. “A sensibilização e a prevenção são as chaves para enfrentarmos o assunto tão sério”, completou.

Após a palestra, foi exibido um documentário “Ouvidores de Vozes” de 52 minutos produzido por Bruno, em que três pacientes do grupo de tratamento do CAPS de Ribeirão Preto relatam as suas vidas a partir das terapias na unidade. Essas pessoas afirmavam ouvir vozes e discutiam o estado de sofrimento psíquico e de como superaram as dificuldades do dia-a-dia. O vídeo foi dirigido pelo psicólogo em 2017 e produzido e exibido pelo Canal Futura. Uma roda de conversa também foi realizada na sequência para promover o debate sobre a palestra e o filme.

Para Jennifer Caroline, 21, atendente e moradora da Vila Dr. Cardoso, o tema é de suma importância e atual. “Há muitos jovens que não veem propósito na vida e não conseguem traçar planos e projetos futuros. Essa falta de perspectiva gera insegurança e um vazio que podem conduzi-los a tirar a vida. Essa palestra ajudou muito a olharmos para a vida de outra maneira”, argumentou.

Na próxima segunda-feira (30), às 15h, haverá uma roda de conversa na Secretaria de Cultura (Avenida Luiz Manfrinato, 194 – Centro), com a psicóloga Ana Carolina Fonseca, da ONG Emoção e Vida.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou pesquisa recente em que a cada 40 segundos uma pessoa tira a própria vida no mundo. Esse dado faz com que todos fiquem em alerta com familiares e amigos, que possam pensar ou indique a possibilidade de cometer o suicídio.

Tratamento

A tentativa de suicídio ou pensamentos suicidas são considerados transtornos graves que necessitam de tratamento médico especializado. A população de Itapevi conta com o atendimento permanente de três centros de atenção psicossocial (CAPS), que tratam dos transtornos mentais severos e permanentes.

Em casos de tentativa efetivas de suicídio o paciente deve ser atendido imediatamente no pronto-socorro central, para receber tratamento emergencial clínico e psiquiátrico e, posteriormente, ser encaminhado aos CAPS.

Para situações em que a pessoa esteja planejando ou constantemente pensando em suicídio o acolhimento deve ser feito pelos CAPS, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.

Pessoas com menos de 18 anos devem ser acolhidas pelo CAPS Infanto Juvenil Ciranda (Ladeira Hugo Michelotti, 5 – Centro).

Adultos com transtornos mentais aliados ao uso de álcool e drogas devem ser acolhidos pelo CAPS AD Reconstruir (Rua Arnaldo Sérgio Cordeiro das Neves, 235 – Jardim Portela).

Jovens e adultos, que estejam passando por transtornos mentais, mas não fazem uso de álcool e droga, devem procurar atendimento no CAPS Espaço Conviver (Rua Eduarda Rios Trevisan, 105 – Jardim Portela).